INSPIRAÇÃO CNV

 

O verdadeiro propósito da Comunicação Não-Violenta é a conexão profunda, connosco e com o outro, que não pode ser traduzido por palavras.

Trata-se da limitação da própria linguagem, que nunca poderá descrever completamente a realidade. Esta consciência traz-nos poder sobre a nossa capacidade de expressão.

(o que é uma laranja? consegues dizer por palavras?)

 

A Comunicação Não-Violenta convida-nos a continuar o diálogo quando recebemos a resposta “não” a um pedido, até percebermos ao que é que a pessoa está a dizer “sim”. Quando a pessoa não corresponde ao nosso pedido ela está a honrar aquilo que é importante para ela, e ainda bem! Ela está a dar-nos oportunidade de reformularmos o nosso pedido até que a estratégia escolhida sirva a ambos, e possa ser escolhida com alegria. De outra forma, o “Sim” teria um preço.

(e tu, o que fazes quando recebes um “Não“?)

 

A Comunicação Não-Violenta ajuda-nos a entrar em contacto com as nossas necessidades, através da autoempatia, e com as necessidades dos outros, através da empatia. Esta é uma forma altamente eficaz de tornar o mundo num lugar mais pacífico. Podemos ajudar os outros a identificarem as suas necessidades e a encontrar estratégias para as satisfazerem.

(e tu, como identificas as tuas necessidades?)

 

A educação que recebemos e as experiências por que passámos ao longo da vida moldaram-nos a forma como vemos o mundo e como nos relacionamos com os outros. Quando alguém faz algo que não nos agrada, facilmente tecemos avaliações e julgamentos acerca da pessoa.

A Comunicação Não-Violenta convida-nos a observar o que realmente aconteceu, e isto pode ser treinado e tornar-se natural em nós. Quando mencionamos observações em vez de pensamentos e julgamentos, fica aberto o caminho para a conexão e a aproximação das partes.

(e tu, o que fazes quando vês que o teu filho esteve a lanchar frente ao computador e deixou o teclado cheio de migalhas?)

Quando estou aberto para a Vida eu acolho o que a Vida me traz, e posso desfrutar da Beleza do caminho. Isso requer coragem para largar o controlo e enfrentar o imprevisível que a Vida é, conectado com o que é importante para mim em cada momento. Quando o faço, posso aproveitar a boleia do vento.

(e tu, como acolhes os imprevistos que a vida te traz?)

Se o meu filho chegou à escola depois do início das aulas, é muito fácil dizer algo como “chegaste atrasado às aulas”. Esta afirmação não promove qualquer tomada de consciência ou mudança de comportamentos. O adjetivo “atrasado” configura uma linguagem estática, que pode ser entendido como uma crítica, levando a um afastamento das pessoas. Em vez disso, podemos dizer “hoje chegaste à escola 10 minutos depois do início da primeira aula.” Esta afirmação não tem qualquer avaliação ou interpretação do que aconteceu, e permite ao meu filho tomar consciência de que chegou 10 minutos depois do início das aulas e que amanhã precisa de se levantar mais cedo.

(e tu, o que dizes quando alguém chega à reunião depois da hora marcada? E quando chegas a casa e vês o quarto do teu filho todo desarrumado? E quando o teu marido deixa os sapatos no meio do corredor?)

Mediante uma situação difícil, podemos reagir com a consciência que julga ou com a consciência compassiva, e isso faz toda a diferença na nossa perceção dos acontecimentos. Se me dizem “És muito acelerado a fazer as coisas!” posso reagir com a minha consciência que julga, dizendo algo como “Despacha-te… não és capaz de andar mais depressa?” ou com a minha consciência compassiva, dizendo algo como “Vejo que queres participar comigo na preparação das coisas para o fim-de-semana e eu não estou a respeitar o teu ritmo. É isso?”


(e se te disserem “não sabes colocar limites aos teus filhos!”, como é que reages?)

Pedido 1: Ela diz-lhe “Vai fazer o almoço!”
Pedido 2: Ela diz-lhe ”Tive uma semana extremamente pesada e apetece-me ficar toda a manhã na cama. Importas-te de fazer o almoço?”
Com o pedido 1 facilmente escutamos uma exigência e perdemos a vontade de o fazer. Podemos sentir que liberdade de escolha está diminuída, não havendo espaço para a resposta “Não”. Esta forma de pedir pode gerar tensão, medo, distanciamento e conflito.
O pedido 2 menciona, de forma implícita, o sentimento (cansaço) e a necessidade (descanso, relaxamento…) antes da ação concreta. Desta forma, surge em nós uma vontade genuína de realizar a ação pretendida. Se não nos apetecer, há espaço para dizer “não” e encontrar outras formas de satisfazer as necessidades mencionadas, como por exemplo encomendar comida e comerem os dois na cama, irem comer fora… Esta forma de pedir gera alegria, satisfação, entendimento, conexão, cumplicidade… e pode resolver conflitos.


(e tu, costumas mencionar o que sentes e o que precisas antes de fazeres um pedido?)